quarta-feira, 28 de maio de 2008

Asfalto ou paralelepípedo?


Sou um portoalegrense convicto. Nasci nesta cidade e por ela tenho um carinho especial. Quando adolescente ouvia amigos estrangeiros reclamarem da quantidade de ruas de paralelepípedo em Porto Alegre. Segundo eles, a modernidade se instalara na malha viária de suas metrópoles sob a forma de uma espessa camada negra.

Dores-de-cotovelo à parte segui crescendo entre pedras e atualmente acho um charme incrível estas ruas revestidas de história e tradição, e é exatamente por isso é que com tristeza e indignação observo o asfalto tomando conta das ruas de minha cidade. E me pergunto: O que há de moderno em sufocar bueiros e reduzir drasticamente a altura dos meio-fios? Como se não bastasse a sandice do poder público, a iniciativa privada também chama para si o direito de destruir, revestindo até mesmo as vias da histórica Cervejaria Continental da Brahma, na rua Cristóvão Colombo, onde hoje se encontra o Shopping Total.

O mais curioso de tudo é que depois de acabarem com a permeabilidade das ruas, governo e sociedade civil discutem, arquitetam e implantam sistemas subterrâneos de coleta da água das chuvas. Alguém entende isso?

quarta-feira, 14 de maio de 2008

As 10 questões da Música 2.0


Há uma excelente postagem no Remixtures comentando uma outra postagem do Hypebot, uma espécie de Top 10 dos obstáculos que a Música 2.0 terá de enfrentar. Vale a pena a leitura!

Um abraço,

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Relatório de Audição #15161 - Bill Laswell - Method Of Defiance


Finalmente vou começar a escrever um relatório de audição... O primeiro cara é uma audição do dia 22/04/2008. Descobri o Bill Laswell em CDs do John Zorn, e recentemente comprei o download deste disco Method Of Defiance. O cara é um cavalo, muito bom mesmo.

Tu podes escutá-lo de graça no Last FM, nesta página, ou ler sobre ele (em inglês) nesta outra.

Abraçø,

Nø¥ß& Løøpß

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Concurso público para produtor cultural (mas graduado em comunicação!)


Recebi o e-mail abaixo de meu amigo Álvaro Santi, figura séria e competente que me autorizou ampla divulgação. Impressionante constatar onde alcança o braço corporativista de algumas categorias.

Boa leitura.

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De: Alvaro Santi
Enviada em: quarta-feira, 2 de abril de 2008 11:51
Para:
Assunto: concurso para produtor cultural

Ilma. Sra. Pró-Reitora de Extensão
Sara Viola Rodrigues

Dirijo-me a V. Sa. com o propósito de, antes de tudo, parabenizá-la pela realização de concurso público para preenchimento de vagas de PRODUTOR CULTURAL. A programação cultural dessa Universidade, reconhecida amplamente pela comunidade, sempre primou pela qualidade e pelo acesso universal, pelo menos desde os anos 80, quando do meu ingresso como aluno. E colaborou decisivamente para eu ter escolhido a carreira artística, quando já matriculado no curso de Geologia. No entanto, não posso deixar de registrar minha perplexidade ao saber que é pré-requisito para este cargo a graduação em COMUNICAÇÃO SOCIAL. Difícil entender quais razões nortearam tal exigência. A Universidade considera que seus alunos egressos dos bacharelados e licenciaturas em música, artes cênicas, artes visuais, e mesmo de letras, não têm competência para exercer esta atividade? Outra hipótese que me ocorre seria a submissão à padronização do gosto imposta pela grande mídia, que nos empurra goela abaixo os padrões estéticos que ela mesma elege, sabe-se lá por que motivos; ou simplesmente o anunciante que paga mais. Pode-se também apelar para o entendimento tácito, igualmente difundido pelos meios de comunicação, de que o curso de Comunicação Social (em especial o Jornalismo) confere uma espécie de super-poder aos seus alunos, habilitando-os, com um mínimo de conhecimento, opinar sobre praticamente qualquer área do conhecimento, do futebol à política, passando pela arte, esta já historicamente um campo aberto ao diletantismo. Ou seria uma opção preferencial pela visibilidade do evento artístico, em detrimento da qualidade do seu conteúdo? Ou ainda, uma exigência destinada a defender o mercado de trabalho de uma categoria profissional mais organizada institucionalmente, nefasta infiltração de critérios corporativistas na redação deste Edital? Qualquer uma dessas hipóteses me parece absurda, se confrontada com o valioso trabalho desenvolvido até hoje na área cultural pela Universidade.


Não vai aqui qualquer menosprezo aos profissionais da comunicação, e sim uma defesa ao mesmo tempo da especificidade do conhecimento artístico e da mais ampla oportunidade de trabalho, atendendo à diversidade própria do campo cultural. Exemplifico com um depoimento pessoal: em 1996, a Prefeitura de Porto Alegre realizou concurso para técnicos em cultura, visando criar um quadro de pessoal estável para a SMC, então com poucos anos de existência. Foram abertas vagas para todas as artes, além de ciências sociais, museologia, antropologia e comunicação social. Isto não obstante já haver no quadro profissionais "técnicos em comunicação social". Graças a este concurso, eu e outros ex-alunos da UFRGS tivemos a oportunidade de trabalhar em produção cultural no serviço público. Ainda que a grade curricular do meu curso, meio desconectada da realidade, não tenha me preparado para isso, tenho a pretensão de estar contribuindo desde então para qualificar a gestão pública de cultura, como parte de um corpo funcional bastante diversificado.

Dessa forma, venho apelar a V. Sa.para que suspenda o concurso, retificando o edital com a finalidade de ampliar a possibilidade de acesso a todas as áreas artísticas.


Cordialmente,


Álvaro Santi
Bacharel em Música e Mestre em Letras pela UFRGS
Titular do Conselho Nacional de Política Cultural/MinC
Gerente do FUMPROARTE/SMC

terça-feira, 1 de abril de 2008

Fórum Permanente de Economia da Cultura - FPEC/RS

O FPEC/RS começou 2008 a todo vapor. Em meados de fevereiro fomos chamados pelo Sebrae/RS para conhecer a Carta-Convite MCT/SEBRAE/FINEP que faz tem por objetivo selecionar Instituições Cientificas e Tecnológicas (ICTs) para que possam executar projetos de inovação tecnológica em parceria com Micro e Pequenas Empresas e Organizações não-Governamentais atuantes no segmento de Economia da Cultura. As atividades devem estar abrangidas pelos segmentos da música, audiovisual, manifestações populares e artes cênicas e performáticas.

O Sebrae/RS nos apresentou ainda o projeto de customização do Iniciando um Pequeno Grande Negócio na área da cultura, ainda em fase de concepção mas com um piloto já realizado. A previsão é de que ainda este ano o IPGN Cultural esteja disponível em nosso estado.

Outra grande notícia é a realização do Projeto Imagem Comprador em Porto Alegre. A BM&A, idealizadora do projeto, entrou em contato com o jornalista Juarez Fonseca, que falou com Arthur de Faria, que falou comigo, e todos juntos levamos o assunto ao FPEC/RS, que iniciou as articulações para viabilizar a realização não só do Projeto Imagem Comprador mas também do Seminário de Exportação da Música Brasileira.

Como se pode ver, estamos trabalhando! Um abraço,

Moysés Lopes

sexta-feira, 21 de março de 2008

Édipo Rei

A equipe de Édipo Rei está ensaiando alucinadamente no Centro Cenotécnico de Porto Alegre. Para preparar a sua versão desta montagem, Luciano Alabarse consultou as traduções de Domingos Paschoal Cegalla, Donaldo Schüller e Mário da Gama Cury. O cenário já está esboçado na sala de ensaios e o elenco trabalha pesado para realizar o texto dentro das exigências do diretor. Esta versão reúne a história completa: Desde a juventude de Laio (pai biológico de Édipo) e sua maldição (a de ser morto pelo próprio filho), à concepção e abandono de Édipo, sua juventude em Corinto (com o pai Pólibo e mãe Mérope), sua jornada até Tebas, o assassinato do pai Laio, o desvendar do enigma da Esfinge (que lhe valeu como prêmio o desposar de Jocasta, sua mãe), o reinado em Tebas, a peste, a investigação sobre o assassinato de Laio, a auto-condenação, o exílio voluntário e sua morte em Colono. Uma peça de fôlego, sem dúvida, como estão a mostrar os ensaios.

Nas fotos abaixo uma pequena parte do elenco ensaiando na sexta-feira santa. Adivinhem quem estava pilotando o Mac que aparece à direita? :-)






domingo, 10 de fevereiro de 2008

Medéia, de Eurípedes

Por diversas vezes pensei em edcrever sobre Medéia, a tragédia de Eurípedes que Luciano Alabarse montou em Porto Alegre e que estreou em junho de 2007 no Teatro São Pedro, em Porto Alegre. Muito já escreveu e eu não tenho nada a acrescentar sobre a tragédia em si, mas me ocorreu falar sobre a experiência que foi trabalhar na montagem desta peça.

Em 2006, enquanto trabalhávamos - eu e Mateus Mapa - na trilha sonora do espetáculo "O Homem e a Mancha", de Caio Fernando Abreu, Luciano Alabarse nos convidou para trabalharmos na Medéia. Com a seriedade e a competência que lhe são características Luciano pesquisou muito não só sobre o texto mas também sobre músicas e trilhas de tragédias e música grega em geral. Entregou-nos muitos CDs e ficamos com a incumbência de ouvi-los para preparar a trilha e para nos familiarizarmos com as sonoridades características da grécia. Em março fizemos o primeiro encontro com todo o elenco e a equipe da montagem. Recebemos o texto e a incumbência de preparar a primeira faixa da trilha - que serviria de base para o início da peça, os 30 minutos que a antecederiam, quando os argonautas estão em cena remando. Esta faixa tem 45 minutos e é uma ambientação que reúne material de muitas fontes.

Logo em seguida Luciano nos entregou um texto com a roteirização com indicações pormenorizadas sobre tempos e características desejadas, com o que passamos a trabalhar no montagem da trilha em si, recortando clipes e fazendo as alterações necessárias. Os ensaios passaram para o Centro Cenotécnico e iniciamos o trabalho de corrigir detalhes de operação tais como volumes, tamanhos, tonalidades, entre outras coisas. A cada ensaio depuramos tempos e detalhes técnicos da trilha como altura, duranção, climas, volumes e adequação. Enquanto eu estava em Cuba Mateus ensaiava e anotava detalhes a serem corrigidos, o que fiz quando voltei. Os ensaios eram, diga-se de passagem, verdadeiras celebrações: passamos frio, damos e recebemos carona, tomamos café, comemos bolos, pães, salgadinhos e festejamos aniversários. Fomos nos aproximando da época da estréia e os "corridões" (ensaios onde se passa todo o espetáculo, de ponta a ponta) foram essenciais para que pudéssemos acertar os últimos detalhes da trilha. No dia 26 de junho, após um pequeno ensaio no Teatro São Pedro, nos demos conta de que não poderíamos operar a trilha da cabine do teatro, pois a audição era péssima e o espetáculo certamente seria prejudicado. Como o teatro não possuía recursos técnicos para operarmos do camarote central providenciamos tudo o que foi necessário e conseguimos estrear com condições excelentes de operação, como a peça bem merecia. A estréia foi comemorada com muito charuto cubano (é claro!) e o público foi realmente muito bom durante todas as oito encenações que fizemos no São Pedro. No dia 03 de agosto iniciamos uma temporada de seis semanas no Teatro Renascença, que foi também sempre brindada com um excelente público.

Sou realmente muito grato ao Mateus Mapa pela parceria durante todo este processo, ao Luciano Alabarse pelo convite que nos fez para trabalharmos nesta trilha e a todo o elenco e equipe técnica. Impressionante o clima de camaradagem, vou sentir falta de trabalhar com estas pessoas, espero que em breve possamos estar juntos novamente, envolvidos em novo projeto. Conheça quem são:

Elenco (ordem alfabética):

Alexandre Silva
Daniel Bacchieri
Elisa Viali
Fabrizio Gorziza
Fernando Zugno
Ida Celina
José Baldissera
Lúcia Bendatti
Luciana Éboli
Lurdes Eloy
Mauro Soares
Paulo Fernandes
Rafael Sieg
Regina Rossi
Sandra Dani
Thales de Oliveira
Tito Ravaglia
Vika Schabbach
Vitório Azevedo
William Ren Dienstmann

Direção: Luciano Alabarse
Diretores assistentes: Marcelo Adams e Rodrigo Lopes

Cenário: Sylvia Moreira
Iluminação: Cláudia de Bem e Carlos Azevedo
Figurinos: Rô Cortinhas
Trilha Sonora: Mateus Mapa e Moysés Lopes
Design Gráfico e Fotografia: Flávio Wild
Divulgação: Bruna Paulin e Fabiana Klein
Produção Executiva: Miguel Arcanjo
Assistente de Produção: Antônia Spohr Moro
Auxiliar de Palco: Maurício