Por diversas vezes pensei em edcrever sobre Medéia, a tragédia de Eurípedes que Luciano Alabarse montou em Porto Alegre e que estreou em junho de 2007 no Teatro São Pedro, em Porto Alegre. Muito já escreveu e eu não tenho nada a acrescentar sobre a tragédia em si, mas me ocorreu falar sobre a experiência que foi trabalhar na montagem desta peça.
Em 2006, enquanto trabalhávamos - eu e Mateus Mapa - na trilha sonora do espetáculo "O Homem e a Mancha", de Caio Fernando Abreu, Luciano Alabarse nos convidou para trabalharmos na Medéia. Com a seriedade e a competência que lhe são características Luciano pesquisou muito não só sobre o texto mas também sobre músicas e trilhas de tragédias e música grega em geral. Entregou-nos muitos CDs e ficamos com a incumbência de ouvi-los para preparar a trilha e para nos familiarizarmos com as sonoridades características da grécia. Em março fizemos o primeiro encontro com todo o elenco e a equipe da montagem. Recebemos o texto e a incumbência de preparar a primeira faixa da trilha - que serviria de base para o início da peça, os 30 minutos que a antecederiam, quando os argonautas estão em cena remando. Esta faixa tem 45 minutos e é uma ambientação que reúne material de muitas fontes.
Logo em seguida Luciano nos entregou um texto com a roteirização com indicações pormenorizadas sobre tempos e características desejadas, com o que passamos a trabalhar no montagem da trilha em si, recortando clipes e fazendo as alterações necessárias. Os ensaios passaram para o Centro Cenotécnico e iniciamos o trabalho de corrigir detalhes de operação tais como volumes, tamanhos, tonalidades, entre outras coisas. A cada ensaio depuramos tempos e detalhes técnicos da trilha como altura, duranção, climas, volumes e adequação. Enquanto eu estava em Cuba Mateus ensaiava e anotava detalhes a serem corrigidos, o que fiz quando voltei. Os ensaios eram, diga-se de passagem, verdadeiras celebrações: passamos frio, damos e recebemos carona, tomamos café, comemos bolos, pães, salgadinhos e festejamos aniversários. Fomos nos aproximando da época da estréia e os "corridões" (ensaios onde se passa todo o espetáculo, de ponta a ponta) foram essenciais para que pudéssemos acertar os últimos detalhes da trilha. No dia 26 de junho, após um pequeno ensaio no Teatro São Pedro, nos demos conta de que não poderíamos operar a trilha da cabine do teatro, pois a audição era péssima e o espetáculo certamente seria prejudicado. Como o teatro não possuía recursos técnicos para operarmos do camarote central providenciamos tudo o que foi necessário e conseguimos estrear com condições excelentes de operação, como a peça bem merecia. A estréia foi comemorada com muito charuto cubano (é claro!) e o público foi realmente muito bom durante todas as oito encenações que fizemos no São Pedro. No dia 03 de agosto iniciamos uma temporada de seis semanas no Teatro Renascença, que foi também sempre brindada com um excelente público.
Sou realmente muito grato ao Mateus Mapa pela parceria durante todo este processo, ao Luciano Alabarse pelo convite que nos fez para trabalharmos nesta trilha e a todo o elenco e equipe técnica. Impressionante o clima de camaradagem, vou sentir falta de trabalhar com estas pessoas, espero que em breve possamos estar juntos novamente, envolvidos em novo projeto. Conheça quem são:
Elenco (ordem alfabética):
Alexandre Silva
Daniel Bacchieri
Elisa Viali
Fabrizio Gorziza
Fernando Zugno
Ida Celina
José Baldissera
Lúcia Bendatti
Luciana Éboli
Lurdes Eloy
Mauro Soares
Paulo Fernandes
Rafael Sieg
Regina Rossi
Sandra Dani
Thales de Oliveira
Tito Ravaglia
Vika Schabbach
Vitório Azevedo
William Ren Dienstmann
Direção: Luciano Alabarse
Diretores assistentes: Marcelo Adams e Rodrigo Lopes
Cenário: Sylvia Moreira
Iluminação: Cláudia de Bem e Carlos Azevedo
Figurinos: Rô Cortinhas
Trilha Sonora: Mateus Mapa e Moysés Lopes
Design Gráfico e Fotografia: Flávio Wild
Divulgação: Bruna Paulin e Fabiana Klein
Produção Executiva: Miguel Arcanjo
Assistente de Produção: Antônia Spohr Moro
Auxiliar de Palco: Maurício
domingo, 10 de fevereiro de 2008
domingo, 28 de outubro de 2007
Tupiniqarte
Em 1986 eu e Eduardo Reck Miranda nos conhecemos no curso de música da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e logo em seguida montamos o Tupiniqarte, um dos primeiros laboratórios de música eletroacústica do Brasil. Nosso equipamento era de uma singeleza pueril: um órgão eletrônico, um Sinclair ZX-81, um MSX com uma interface SFG05 da Yamaha e muitas outras tralhas musicais, como se pode ver na foto acima. Montamos uma performance chamada Apóskalipse que foi apresentada no Instituto de Arte da UFRGS, na Companhia de Arte (lançamento do número 9 da revista Cobra) e em um bar do qual não me lembro o nome mas acho que era na Protásio Alves próximo à Lucas de Oliveira, em Porto Alegre. Depois disso continuamos trabalhando junto em alguns projetos musicais e logo em seguida - 1992, eu acho - o Miranda foi morar na Europa. Atualmente ele mora na Inglaterra e trabalha no Interdisciplinary Center for Computer Music Research (dê uma olhada para ver que trabalho porrada ele faz por lá!).
O áudio da performance Apóskalipse se perdeu no tempo mas alguns outros foram preservados. As amostras de áudio estão no meu site, no endereço http://www.moyseslopes.mus.br. Há ainda fichas técnicas e algumas considerações sobre as músicas.
O áudio da performance Apóskalipse se perdeu no tempo mas alguns outros foram preservados. As amostras de áudio estão no meu site, no endereço http://www.moyseslopes.mus.br. Há ainda fichas técnicas e algumas considerações sobre as músicas.
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Florada dos Ipês em Porto Alegre
Quem mora em Porto Alegre ou já esteve por aqui no início da primavera conhece a florada dos ipês. Nesta ocasião a cidade se pinta de tons que variam do roxo ao rosa - passando pelo violáceo - quando os ipês perdem as folhas e transformam-se em cálices floridos. Este ano a florada aconteceu antes do previsto - provavelmente apressada pelas mudanças climáticas que paulatinamente sentimos - mas não tirou a beleza deste evento que cria tapetes coloridos para que os transeuntes possam, ao menos uma vez por ano, pisar em flores.
Há imagens bacanas sobre a florada dos ipês na internet. Gostei muitos desta, desta, desta e desta, onde se pode ver o efeito das flores no chão. Estes fotos pertencem a esta página e você acha outras bem interessantes no Flickr do Hilton Lebarbenchon e no blog da Ligiane Panosso.
Saudações!
Há imagens bacanas sobre a florada dos ipês na internet. Gostei muitos desta, desta, desta e desta, onde se pode ver o efeito das flores no chão. Estes fotos pertencem a esta página e você acha outras bem interessantes no Flickr do Hilton Lebarbenchon e no blog da Ligiane Panosso.
Saudações!
domingo, 16 de setembro de 2007
RádioCom - Pelotas - RS
Domingo 16 de setembro de 2007, 09:40 da manhã. Ligo meu notebook e aponto meu navegador para o sitio da RádioCom - 104.5 - de Pelotas, RS. Imediatamente reconheço a voz do meu amigo Glenio Rissio e algumas memórias vão ganhando vida própria quando um sopro de frescor retira a poeira que insiste em cobri-las. Em novembro de 2006 o FPMRS - Fórum Permanente de Música do RS - foi convidado por Vitor Azubel para uma reunião com os músicos de Pelotas, no intuito de preparar a instalação de um fórum permanente de música na cidade. Designado para ir, estava eu reunido com os músicos quando - quase ao final da reunião - chega uma figura esbaforida, com olhos inquietos e um discurso prá lá de positivo. Terminado o compromisso convidou-me para uma entrevista na RádioCom, ao que imediatamente aquiesci. No caminho, enquanto conversávamos, fui descobrindo Glenio Rissio, um entusiasta da cultural local, daqueles que a entendem como forma de diminuir diferenças e reparar as mazelas do sistema. Quando cheguei à rádio Celso Krause preparava-se para colocar no ar seu programa Jam Sessions, e por aí já foram mais alguns bons momentos de conversa da boa. Voltei para Porto Alegre com a certeza de ter conhecido uma rádio especial, verdadeiramente comunitária, que conta com uma equipe abnegada, trabalhadora e exigente que põe foco na qualidade do que comunicam. Semana passada, em dois breves encontros com Glenio, conheci também o ATENTO, informativo mensal da RádioCom e a revista GENTEBOA, publicação mensal da Orgânica Comunicação que é distribuída gratuitamente em faculdades, cafés, cybers, bares, hotéis, eventos culturais da cidade e que também pode ser encontrada no sitio www.pelotasgenteboa.com.br.
RádioCom é um exemplo a ser imitado Brasil afora. Fiquem com meu abraço.
RádioCom é um exemplo a ser imitado Brasil afora. Fiquem com meu abraço.
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
A Zabumba - Pernambuco

Imaginação, muita imaginação. Imaginação em grandes doses, sob forma de idéias musicais e literárias. Assim é o disco de A Zabumba. Conheci Juliano Holanda em 2005, em Fortaleza, e depois nos encontramos em Salvador e em Recife. Não lembro exatamente quando foi a primeira vez que os ouvi, mas lembro que fiquei bastante impressionado. Somente agora, em agosto, durante a Feira da Música de Fortaleza é que consegui comprar o CD deles. Gustavo Wilson, Publius, Juliano Holanda, Bruno Vinezof e Carlos Amarelo são excelentes músicos, ótimos instrumentistas e grandes criadores. Para constatar isso basta uma escutada no CD homônimo que tem 13 faixas e deliciar-se com o encarte que conta com desenhos de João Li e projeto gráfico de Balão. Segundo os integrantes, "(...) o Grupo Azabumba compôs o disco de forma visceral, transformando cada acorde numa projeção ilimitada da arte musical, sem nenhuma pretensão de apelo de mercado, verdadeiro e sincero com cada músico que participou desta etapa da carreira do grupo." Com sinceridade lhes digo que, após ouvir o disco, é exatamente isto que parece. A Zabumba consegue ser tradição e vanguarda simultaneamente, um discaço que merece ser ouvido e re-ouvido muitas vezes. Eles têm um site (http://www.azabumba.com.br) muito bacana, aproveite para visitá-los, você vai gostar.
Eis a ficha técnica do CD:
Publius - voz, vocais, bandolim
Gustavo Azevedo - voz, vocais, pífano, rabeca
Juliano Holanda - baixo, triângulo, voz, vocais
Bruno Vinezof - pandeiro, surdo, caixa, vocais, antena, alfaia, reco-reco, pratos, caxixis
Rudá - zabumba, alfaia, pandeiro, caixa, surdo, ruídos, reco-reco, pratos
Ana Araújo - triângulo, caracaxá, voz, vocais, mineiro, alfaia
Celine - texto em francês
Eli Maria, Lulu Araújo, Laila A. C. Rosa, Tiné, Urêia, Eli Maria, Lulu Freire - coro
Breno Lira - violão aço
Gravado entre agosto de 2003 e 2004 no estúdio do Departamento de Música da UFPE por Zé Guilherme Lima, Pierre, Lindemberg e Marcílio
Mixado no estúdio do Departamento de Música da UFPE por Zé Guilherme Lima e Azabumba
Produzido por Azabumba e Zé Guilherme Lima
Co-produzido por Flávio Mamoha
Masterizado no Classic Master (SP) por Carlos Freitas e Zé Guilherme Lima
Produção executiva, direção musical e arranjos: Azabumba
Projeto gráfico: Balão
Desenhos: João Li
sábado, 1 de setembro de 2007
A Euterpia - Belém do Pará

Conheci Marisa Brito, Antônio Maria Novaes, Márcio Pato e Carlos Canhão, da banda A Euterpia, de Belém do Pará, na Feira da Música de Fortaleza 2007 (fiquei sem conhecer Tom Salazar Cano, que não estava lá...). Por uma coincidência de agenda não assisti ao show deles no Palco do Rock (Centro Cultural Bom Jardim) mas, simpáticos como são, presentearam-me com seu disco Revirando o Sótão, o qual também não cheguei a escutar durante minha estada no Ceará. Porém, para minha sorte, como uma espécie de compensação a estes desencontros, desfrutei de bons momentos com Marisa, Pato e Canhão quando, na beira da praia de Iparana (esta aí acima), tomamos algumas cervejinhas e batemos um gostoso papo sobre música, produção, cultura e outras tantas coisas boas da vida. Falantes prolíferos e ouvintes atentos, de pronto reconheci pessoas queridas e positivas, que vêem nas adversidades da profissão motivos para a busca e o desenvolvimento. Voltei para Porto Alegre com a sensação de que escutá-los seria uma boa experiência e não me enganei: o disco é um achado, cheio de arranjos não-convencionais e de um humor tão intenso quanto refinado. As estruturas dos arranjos vez por outra brincam com o discurso tradicional e apresentam soluções inteligentes para as questões estéticas que eles apresentam a si próprios. Isto sem falar, é claro, de sua competência como instrumentistas e cantores. Ouvindo-os tive a impressão de que o processo de elaboração do disco Revirando o Sótão deve ter sido pura confraternização, verdadeira celebração da arte, como soem ser projetos de pessoas bacanas como eles. Quem quiser pode ouvi-los no MySpace através deste link. Ouça e deixe-se levar pela música desta rapaziada boa de Belém do Pará. Preferidas no Revirando o Sótão? Tenho sim! Não consigo parar de escutar Brechot do Brega, Dia de Alcatrão, Dentro da Caixa, Cinemática e a faixa que dá título ao CD, Revirando o Sótão. Aliás, tenho escutado tanto que, citando-os, pergunto-lhes: Como é que a gente sai de lá, como é que faz prá voltar?
sábado, 25 de agosto de 2007
Feira da Música de Fortaleza
A VI Feira da Música de fortaleza aconteceu de 15 a 18 de agosto de 2007. Estive na edição de 2005 (fazendo show com a Camerata Brasileira) e em 2006 não pude comparecer, o que talvez me tenha feito perceber tão claramente o aumento significativo da estrutura e da programação da FMF: nova programação de estandes, novos palcos para shows, aumento do número de expositores e uma grade de palestras e oficinas de muito fôlego. Tudo isto fez da feira um grande sucesso, o que não a livra de pequenas ressalvas, entre elas a baixa freqüência de público aos painéis de debates e a coincidência de horários de eventos. Ainda que seja uma iniciativa louvável, a realização de um curso de preparação para participação em rodadas de negócios no mesmo horário em que as rodadas aconteciam precisa ser repensada, pois um sabota o outro - apesar do foco de interesse ser o mesmo, é impossível participar dos dois. Estes são detalhes que de forma alguma diminuem a grandeza do evento. Ponto importante a salientar - destaque nas Feiras da Música de Fortaleza - é a hospedagem no SESC Iparana Concentrar todos os músicos no mesmo local propicia não só um intercâmbio que gera novas amizades como também possibilita rever amigos antigos, e as Jam Sessions que resultam disso são imperdíveis. Ivan Ferraro (a quem chamo carinhosamente de Sr. Feira da Música), Valéria Cordeiro e toda sua equipe são exemplos de tenacidade e persistência dos quais este país precisa, e muito.
Por fim, quero registrar que na FMF estive na agradável companhia de Mariana Martinez, uma das mentoras do Circuito Gaúcho de Música Independente e integrante da organização da Feira da Música do Sul, a qual se pretende realizar em abril de 2008. Mariana conheceu e respirou detalhes importantes que envolvem uma evento deste porte e tenho certeza de que trouxe uma bagagem importante para nosso estado.
O pequeno vídeo abaixo eu fiz em um dos deslocamentos entre Iparana e Fortaleza, enquanto pegava o depoimento de Napoleão de Assunção, do programa/projeto "No PE do Ouvido", de Pernambuco. Pode-se ver músicos de diversos estados no ônibus, puro networking!
Por fim, quero registrar que na FMF estive na agradável companhia de Mariana Martinez, uma das mentoras do Circuito Gaúcho de Música Independente e integrante da organização da Feira da Música do Sul, a qual se pretende realizar em abril de 2008. Mariana conheceu e respirou detalhes importantes que envolvem uma evento deste porte e tenho certeza de que trouxe uma bagagem importante para nosso estado.
O pequeno vídeo abaixo eu fiz em um dos deslocamentos entre Iparana e Fortaleza, enquanto pegava o depoimento de Napoleão de Assunção, do programa/projeto "No PE do Ouvido", de Pernambuco. Pode-se ver músicos de diversos estados no ônibus, puro networking!
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