quinta-feira, 12 de julho de 2007

Ritual Music of Ethiopia

Ritual Music of Ethiopia foi lançado em janeiro de 1973 pelo selo Folkways Records / Smithsonian Folkways, que é o selo do Smithsonian Institution, o museu nacional dos Estados Unidos. É um trabalho impressionantemente rico, um bálsamo para ouvidos cansados das atuais gravações pasteurizadas onde todo mundo parece soar como todo mundo. É quase impossível escutar as 14 faixas do disco e não ser chacoalhado por um sentimento estranho de inquietação, seja estética, intelectual, emocional, o que seja. Sobre isso falou muito bem Michael Azerrad, Editor-in-Chief do eMusic. Segundo ele se você escutar este CD por mais de sessenta segundos e ainda não estiver alucinado talvez seja melhor verificar se você tem pulso. Concordo com ele!

Você pode escutar amostras do CD no emusic.com ou no próprio Smithsonian Folkways Recordings.


Espero que desfrutem. Grande abraço!

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Deputados e Cultura



Terça-feira estive na audiência pública que teve como objetivo discutir o financiamento da cultura, audiência esta convocada pela Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembléia Legislativa do RS. Não sei se estou correto, mas entendi que os prazos para emendas e demais trâmites de costume já estavam fechados. Assim sendo, o que nós, sociedade civil, estávamos fazendo lá? Juro que não entendi...

Mas tem mais: fiquei impressionado com o despreparo dos deputados para tratarem do tema cultura, pois ainda que a discussão tenha sido pertinente as questões abordadas eram muito primárias. Enquanto outros países e alguns estados brasileiros discutem economia da cultura, cultura sustentável e creative clusters, entre outras questões de ponta, nós no RS ainda estamos pensando numa maneira de punir os produtores culturais que "agirem fora da lei". Pior do que isso: estamos cegos, surdos e loucos com o paternalismo estúpido de um estado que insiste em "financiar" a cultura tão somente. Acho que precisamos mudar a tônica da discussão. Se você conhece algum deputado minimamente ligado à cultura aqui vão algumas dicas de leitura: informações sobre o movimento funk carioca, o tecnobrega do Pará, o cinema da Nigéria, o CREA - Incubadora de Industrias Creativas y Empresas Culturales de Córdoba (Argentina), o Convénio Andrés Bello (Chile) e o Creative Clusters (Inglaterra) irão fazer bem ao seu trabalho, e ao nosso também, trabalhadores da cultura que somos.

Um abraço,

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Leandro Maia e Os Relógios de Frederico na Série Compassos


Domingo, 17 de junho de 2007. Último dia de apresentações da Série Compassos, uma realização da Casa Elétrica Produtora Cultural na Sala Álvaro Moreira. Devido a alguns compromissos profissionais não estive presente nos shows de sexta-feira e sábado - ou seja, perdi Alexandre Vianna Trio, Vanessa Longoni, Ângelo Primon e Maria Vai Com as Outras - e por isso vou falar apenas do show de domingo, um feliz consórcio entre Leandro Maia e Os Relógios de Frederico.

Leandro mostrou ao público as músicos de seu CD PALAVREIO - ainda em fase de gravação - que deverá ser lançado no segundo semestre deste ano. Com a maturidade de quem já refletiu muito sobre seu fazer artístico Leandro compartilhou com o públicou seus experimentos semânticos/sonoros/literários acompanhado de músicos que tiveram sensibilidade para copreender sua proposta. O resultado foi um show muito bonito, agradável e instigante. Veja a ficha técnica logo abaixo.

E o que dizer de Os Relógios de Frederico? É uma super banda, já estou ficando até chato de tanto elogiar os caras! O show foi basicamente com músicas não-gravadas, contando com apenas quatro das lançadas em CD. Foi muito bom que o tamanho da Sala Álvaro Moreira tenha permitido uma sonorização muito leve, quase acústica. Com isso foi possível perceber todas as nuances que o septeto se propõe e enxergar mais de perto as performances cênicas e as bailadinhas da dupla Mapa-Siervo. Resumindo: um arraso!

Fichas Técnicas:

Leandro Maia (conheça mais em http://palavreio.blogspot.com)
Miguel Tejera: baixo
Mimo Aires: Percussão
Vinícius Prates: Flauta

Relógios de Frederico (veja em http://www.relogiosdefrederico.mus.br)
Maurício Nader: baixo
Luciano Zanatta: sax alto
Leonardo Boff: teclados
Diego Silveira: bateria
Gilberto Ribeiro Junior: guitarra
Mateus Mapa: voz e flauta
Rodrigo Siervo: sax tenor e voz

Era isso. Grande abraço,

Moysés Lopes.

sábado, 12 de maio de 2007

Discotecagem eletroacústica

Música independente: esta é a base do trabalho de discotecagem que tenho desenvolvido utilizando recursos eletrônicos, instrumentos acústicos e técnicas de Mashup. A receita é simples: ouvir, desmontar e remontar a diversidade musical e as sonoridades do mundo inteiro. O repertório é executado ao vivo numa performance 'live electronic' e, sempre que possível, com a participação de músicos convidados que interagem improvisando sobre as propostas eletrônicas, criando um diálogo vivo, criativo e estimulante.

Veja alguns dos artistas constantes do repertório:

Kudsi Erguner Ensemble (Turquia)
Trio Manari (Brasil - Amazonas)
Gnawa Essaouira (Marrocos)
Adolfo Almeida Júnior (Brasil - Rio Grande do Sul)
Gezortenplotz (Alemanha)
DJ Dolores (Brasil - Pernambuco)
Tara Fuki (Polônia)
Relógios de Frederico (Brasil - Rio Grande do Sul)
Compay Segundo, Rubén González & Ibrahim Ferrer (Cuba)
Banda Repolho (Brasil - Santa Catarina)
Iva Bittova (República Checa)
Siba Veloso e a Fuloresta do Samba (Brasil - Pernambuco)
Avangard (Rússia)
Balzacs (Brasil - Rio Grande do Sul)
Bob Ostertag (USA)
Camerata Brasileira (Brasil - Rio Grande do Sul)
Kojiro Umezaki (Japão)
Lixo Extraordinário (Brasil - Rio de Janeiro)
Manou Gallo (Costa do Marfim)
Umagoma (Brasil - Sãp Paulo)
Nganasan (Sibéria)
Fuzzly (Brasil - Mato Grosso)
Tribo Wallano (Etiópia)
Pagode da Masseira de Tereza Felix (Brasil - Alagoas)
Abayudaya (Uganda)

A lista está crescendo... Acompanhe algumas mostras deste trabalho no meu site no Multiply.

Um abraço,

sábado, 28 de abril de 2007

A Aposta dos Deuses


Este é o nome do último livro de Álvaro Santi, um poema dramático gestado por 5 anos e publicado com uma aquarela de Márcia Cristina Lange na capa. Rapaz de bom gosto este Álvaro. Antes de falar do texto em si vale uma menção à Nota do Autor, onde ele discorre sobre o processo (longo) de construção da idéia de fazer um poema dramático baseado nos princípios opostos do apolíneo e do dionisíaco. Melhor ainda foi ampliar meu vocabulário. Vocês sabem o que é uma 'redondilha'? Agora eu sei...

O texto é extremamente criativo e prende logo ao início da leitura, tendo se mostrado fluido, inteligente e interessante. Aliás, flui tanto que logo ao terminar iniciei novamente a leitura, pois temi ter perdido algum detalhe 'sântico'. Explico: Álvaro é extremamente irônico, dono de uma ironia elegante e por vezes tão sutil que pode restar escondida em algum canto do texto acaso não estejamos vigiliantes. Pela fluidez do texto temi perder alguma dessas e prontamente reiniciei a leitura, atento como um cão perdigueiro. Tanto melhor! A leitura pausada permitiu-me deliciar com a variedade de ritmos explorados pelo autor.

Espero que em breve nossos diretores de teatro possam deitar olhos sobre 'A Aposta dos Deuses'. Como obra pude desfrutar apenas de sua face 'poema', adoraria ver seu lado 'dramático' realizado.

Abraços,

domingo, 25 de março de 2007

Relogios de Frederico?

Vocês já ouviram falar da banda "Relógios de Frederico"? Pois é, pensei em escrever sobre eles aqui no blog mas a Relógios é uma banda tão impressionante que resolvi fazer mais do que isso e começou a pintar a idéia de um podcast com os "fredelógios" (nome carinhoso dos componentes da banda).

Para mim esta é uma das melhores bandas que eu já ouvi na vida, mas eles curiosamente parecem ser avessos ao sucesso! Se os Estados Unidos tem Frank Zappa e John Zorn; se a Espanha tem Picasso e se a França tem Ionesco, nós temos Relógios de Frederico.

Quer ver como os caras são esquisitos? Procurei áudio deles na internet para colocar aqui nesta postagem e não achei. Vocês podem ler um pouco sobre eles no programa música do mundo mas também é só. Nem na Tratore, distribuidora do segundo CD da banda, o "Chumbo Grosso", tem música para ouvir. Eles realmente são um fenômeno.

Querem conhecer mais sobre a Relógios? Aguarde o podcast, eu os avisarei.

Um abraço,

Moysés Lopes

sábado, 10 de março de 2007

Adolfo de Almeida Junior: Paradoxo Para Todos


"Quero lembrar a todos que estamos vivos! Porque música é arte, e arte é expressão, e expressão é nossa centelha de vida..."

Esta é uma das pérolas que se pode encontrar no CD "Paradoxo Para Todos", de adolfo Almeida Júnior, mas não se trata de uma música, é um texto do encarte. Não me canso de dizer que este é um dos melhores CDs que ouvi em 2006. Se o Adolfo tivesse registrado somente seu domínio técnico do instrumento já seria um ótimo trabalho, mas ele abusou e registrou a música que lhe vai na alma, e com isso nós ouvintes ganhamos uma obra prima. Para realizá-la cercou-se de amigos e parceiros de música que tiveram sensibilidade para entender sua proposta, assim descrita no encarte do CD:

"Este é um disco de improvisações. Nada foi pré-composto, nem ensaiado, nem combinado. Tudo é improvisado, com exceção de 'Manequim'. Pode-se ouvir 'erros', desafinações, desencontros e 'acertos' parece música escrita!..."

Participaram Luiz Mário 'Ventania', Diogo de Haro, Fábio Mentz, Teco Cardoso, Marcelo Corsetti, Catulo Parra, Cristina Cambeses e Arthur de Faria.

Seria interessante você ouvi-los...